quarta-feira, abril 30, 2008

Terras do Sem Fim


Título: Terras do Sem Fim
Autor: Jorge Amado
Editora: Livros do Brasil
Sinopse:
"(...) reflecte a época heróica da conquista da terra do Nordeste brasileiro. É ao mesmo tempo história do Brasil (a primeira fase do ciclo do cacau, que em São Jorge dos Ilhéus atinge o período industrial) e história do homem eterno, rude e governado pelas paixões, entre uma grandeza de lenda, que se conjuga com a própria imensidão do solo, e a dor infinita dos vencidos e espoliados, dos fracos e doentes, que não vingam nas Terras do Sem Fim.
É este o romance prodigioso de uma região por desbravar, onde confluem os aventureiros como Margot e João de Magalhães; homens de labuta, moídos de saudade, como o pobre António Vítor; onde os Heitores e Aquiles se chamam sinhó Badaró, coronel Horácio, onde a parabellum dita a lei e a coragem é a estrela mais brilhante dos "A B C". Com essa gente e esse cenário desmedido, morno e envolvente, com os miseráveis, os vagabundos, os desesperados, os cobiçosos e os amantes, fez JA uma obra-prima para todos os públicos, obra de imaginação e de poesia, de realidade e de amor, que é bem uma "história de espantar" dessa terra do cacau adubada com sangue".

Comentário:
O primeiro livro que lemos no
Clube do Livro para o mês de Abril. Requisitei na biblioteca aqui da zona, após ter consultado via internet a sua existência e disponibilidade para empréstimo.
Lê-se bem. Escrito em "brasileiro", com glossário a final para auxiliar nalgumas palavras mais difíceis, como cabra, caxixe ou repetição. Quando comecei a inteirar-me do enredo, veio-me à memória as cenas das telenovelas inspiradas em livros de Jorge Amado. Voei até à Baía e aos personagens tipo que povoam as suas histórias.
A luta sangrenta pelo cacau, a ausência de importância da vida humana, a primazia do valor coragem, a lei aplicada a gosto e por quem der mais, duas facções a degladiarem-se constantemente, absorvendo terras e gente, os migrantes que chegam e se perdem de amores pela região, a visão de uma mata repleta de perigos e doenças, o medo muito presente em todos os capítulos, resume uma obra repleta de violência, paixões eternas e muita, muita dinâmica e acção.
O livro faz-se de momentos, em que algumas personagens ganham protagonismo por breves instantes e depois nunca mais ou pouco aparecem. É o caso do debate intenso na consciência do negro Damião quando decidiu falhar o tiro, o que desencadeou toda a guerra pela mata do Sequeiro Grande entre as duas famílias. É o caso da história de Raimunda, a irmã de leite da dona da fazenda. É o caso das três irmãs que acabaram na prostituição e o seu percurso diverso com o mesmo desfecho.
O livro faz-se de mini-histórias de amor, como a de Ester e Virgílio, a de D'Anna e João Magalhães, a de Raimunda e António Pedro com finais comuns, mesmo com a morte no intermédio.
Uma escrita crua, dura e sincera. Gostei.

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