segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Rio das Flores

Título: Rio das Flores
Autor: Miguel Sousa Tavares
Editora: Oficina do Livro

Sinopse:
"Sevilha, 1915 - Vale do Paraíba, 1945: trinta anos da história do século XX correm ao longo das páginas deste romance, com cenário no Alentejo, Espanha e Brasil. Através da saga dos Ribera Flores, proprietários rurais alentejanos, somos transportados para os anos tumultuosos da primeira metade de um século marcado por ditaduras e confrontos sangrentos, onde o caminho que conduz à liberdade parece demasiado estreito e o preço a pagar demasiado alto. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade.
Rio das Flores resulta de um minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica, que serve de pano de fundo a um enredo de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas.
Três gerações sucedem-se na mesma casa de família, tentando manter imutável o que a terra uniu, no meio da turbulência causada por décadas de paixões e ódios como o mundo nunca havia visto. No final, sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho."

Comentário:
Mais uma vez, fui envolvida. Saboreio três quartos do livro, sem me precipitar, sem me apressar, com um esforço épico na narração histórica, para na recta final, sentar-me na estação de metro, e devorar as últimas páginas, deixando as carruagens passar perante mim...
O final já se avizinhava. Os indícios eram mais que muitos, nesta extensa obra. E cativou-me.
Em termos históricos, é uma época interessante, com o Estado Novo como fundo e o seu reflexo europeu. A descrição da guerra civil de Espanha, de uma violência inaudita, bem retratada por umas das personagens principais. A Segunda Guerra Mundial, com a suposta neutralidade portuguesa. O Brasil, na sua grandiosidade e diversidade. Apesar de algum exagero na narrativa histórica, com o propósito subtil de preencher as 600 páginas a que se propôs.
A estória propriamente dita, mais uma vez centrada em personagens masculinos, com mulheres tradicionais e lindas versus modernas e interessantes, está engraçada. Bem elaborada, consistente e possível de acontecer. As visões antagónicas dos irmãos, as suas diversas opções ao longo da vida, perante as adversidades, perante os sonhos, permitem visualizar as duas facções que se degladiaram ao longo do século XX.
Não andei à procura de erros, omissões ou incongruências históricas. Li um romance bom que peca por um excesso de narrativa histórica, por vezes sem lógica com o encadear da acção.
Gostei muito!

4 comentários:

Nucha disse...

Tenho de o ler; o meu problema em relação aos autores é que quando gosto muito de um livro (neste caso, Equador), depois fico com receio de pegar no seguinte e desiludir-me...
Aproveita as próximas 4 - ou menos :) semanas para juntar aqui mais outra crítica.
Bj

Flores disse...

pois... eu achei mm (em algumas situações) a narrativa histórica demasiado empastelada. de resto, concordo. :)

Anônimo disse...

O enredo está interessante mas os dotes literários do MST deixam bastante a desejar. Talvez desse um razoável argumentista de séries e filmes, mas como escritor é bastante sofrível!

T disse...

Este ainda não li, mas já no Equador achei que ele pecou nesse mesmo aspecto...