sábado, maio 30, 2009

A Mãe

Título: A Mãe
Autor: Pearl S. Buck
Editora: Publicações Europa-América

Sinopse:
"Escrito num tom e prosa de extrema simplicidade, este livro dá-nos a conhecer a vida de «a mãe», uma camponesa chinesa abandonada pelo marido, que fica com a responsabilidade de prover ao sustento dos filhos, um dos quais se descobre ser cego. Esta mulher estóica, sem nome mas nem por isso anónima, assume uma grandeza aos olhos dos leitores pela forma como encara e ultrapassa os obstáculos que a vida põe no seu caminho."

Comentário:
Requisitei-o na biblioteca, uma edição velhinha, que me provocou um ataque de espirros. Há livros que nos marcam. Que nos mostram a intemporalidade das coisas. E este foi um deles.
Escrito em 1933 por uma grande escritora, galardoada com o prémio Nobel da Literatura (são poucas mas boas!), conta-nos a história de vida de uma mãe - A Mãe - com três filhos, um marido que vai embora e uma força que lhe vem das entranhas para enfrentar o seu destino. Humana, com defeitos e pecadilhos, é no amor que nutre pelos filhos que rege o seu dia-a-dia.
A visão de uma camponesa na China de antigamente, em que se denotam algumas tradições como seja o surgimento do comunismo ou toda a panafernália que envolvia os casamentos arranjados. Embora não seja relevante o país de narração. Só mais tarde se percebe que é lá.
Uma faceta da maternidade com a qual me identifiquei. E muito.

Introduzo uma nova rubrica. São excertos do livro. Excertos para mais tarde recordar. Porque gostei, porque me dizem alguma coisa, porque me ajudam a saborear palavras tão bonitas, porque isto ou aquilo...

Excertos:
"Sim, para a Mãe todos os dias eram iguais uns aos outros, mas ela nunca os achava tristes e sentia-se contentíssima com o decorrer do tempo (...) A Mãe pertencia ao número das que se contentam em viver ao pé do seu homem e dos seus filhos, sem pensar noutra coisa."

"Mas havia o homem. Para ele tudo seria sempre igual, nada mudaria jamais, sem esperança de qualquer coisa nova, dia após dia.
Nem o nascimento dos filhos, que a mulher amava com ternura, era para ele uma novidade; nasciam todos da mesma maneira, pareciam-se todos uns com os outros. Era preciso mantê-los e vesti-los. Mais tarde casariam, nasceriam outros filhos. Seria sempre a mesma coisa. Um dia igual ao da véspera, sem novidade alguma a esperar."

"... Mas o amor do homem não lhe bastava, tinha de conceber e sentir, na sua carne, a alegria da criação de um filho. Então o acto do amor completava-se. Sentir nas suas entranhas o ser que se agitava e crescia era a plenitude! Andava num deslumbramento..."

"... Depois o homem com quem casou ocupara um lugar cada vez maior na sua vida; porque lhe dava as alegrias da maternidade e fazia parte dela. Não o amava apenas por ele só."

"E acabou por chorar.
As lágrimas começaram a brotar amargas e raras, depois correram mais à vontade; ela então apoiou a cabeça no túmulo e chorou como choram as mulheres quando o seu coração está tão cheio de desgosto das suas vidas que o sofrimento brota e transborda de maneira tal que não pensam senão em aliviar como podem a sua amargura, tanto as esmaga a dor da sua existência".

"Nesta nova maternidade, purificada pelas lágrimas, não se sentiria nunca suficientemente terna e expedita para dar satisfação ao seu coração."

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