quarta-feira, setembro 17, 2014

Biografia Involuntária dos Amantes



Título: Biografia Involuntária dos Amantes 
Autor: João Tordo
Editora: Alfaguara

Sinopse:
"Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris.
A viagem de descoberta começa com a leitura de um manuscrito da autoria da ex-mulher do mexicano, Teresa, que morreu há pouco tempo e marcou a vida do poeta como um ferro em brasa. O narrador não poderia adivinhar (porque nunca podemos saber as verdadeiras consequências dos nossos actos) que a leitura desse manuscrito teria o mesmo efeito sobre a sua vida.
As páginas escritas por Teresa revelam a sua adolescência no seio de uma família portuguesa contaminada pela desilusão: um pai ausente e alcoólico, um tio aventureiro e misterioso, uma mãe demasiado protectora. Mas o que ressalta com maior vivacidade daquelas páginas é o relato enternecedor do seu primeiro amor, ao mesmo tempo que começam a insinuar-se na sua vida realidades grotescas e brutais. Confrontado pela primeira vez com a suspeita dessa terrível possibilidade, Saldaña Paris mergulha numa depressão profunda. Determinado em libertar o amigo do poder corrosivo do mal, o nosso narrador compõe então, peça a peça, a biografia involuntária dos dois amantes. Uma biografia que passa pelo desvelar do passado, para que este não contamine irremediavelmente o futuro."
 
Comentário:
Adorei.
Uma estreia deliciosa.
O fascínio que exerce a vida das outras pessoas. Especialmente a obsessão de um homem por uma mulher repleta de mistério. Com um passado arrepiante que a marcou toda a vida.
"...nunca se encontra o amor porque não é passível de ser encontrado. Que não nos acontece quando queremos mas quando estamos distraídos ou adormecidos."
Retiro destas palavras escritas a certeza de nós somos o que fazem de nós, a nossa carapaça envolve-nos e determina tudo. Somos fruto das circunstâncias.
"...ter sido casado com uma mulher que tinha um passado porventura mais dilacerante que o dele; e desse passado, de tão poderoso, ter anulado o presente e transformado o futuro numa palavra lacónica e sem significado."
O passado eterniza-se em nós e não vale a pena tentarmos fugir porque ele faz parte do nosso corpo, como se fosse um odor.
E a ideia final de que as aventuras e desventuras de um amigo influenciam determinantemente a vida do outro amigo ao ponto do mesmo reconsiderar a sua posição na vida.
"Dedica-te a amar as coisas certas em vez das coisas erradas."

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