quinta-feira, outubro 02, 2014

Uma Outra Voz


 
Título: Uma Outra Voz
Autor: Gabriela Ruivo Trindade
Editora: Leya

Sinopse:
"João José Mariano Serrão foi um republicano convicto que contribuiu decisivamente para a elevação de Estremoz a cidade e o seu posterior desenvolvimento. Solteiro, generoso e empreendedor como poucos, abriu lojas, cafés e uma oficina, trouxe a electricidade às ruas sombrias e criou um rancho de sobrinhos a quem deu um lar e um futuro. É em torno deste homem determinado, mas também secreto e contido, que giram as cinco vozes que nos guiam ao longo destas páginas, numa viagem que é a um tempo pessoal e colectiva, porque não raro as estórias dos narradores se cruzam com momentos-chave da história portuguesa. Assim conheceremos um adolescente que espreitava mulheres nuas e ria nos momentos menos oportunos; a noiva cujos olhos azuis guardavam um terrível segredo; um jovem apaixonado pela melhor amiga que vê a vida subitamente atravessada por uma tragédia; a mãe que experimentou o escândalo e chora a partida do filho para a guerra; e ainda a prostituta que escondia documentos comprometedores na sua alcova e recusou casar-se com o homem que a amava. Por fim, quando estas vozes se calam, é tempo de ouvirmos o protagonista através de um diário escrito noutras latitudes e ressuscitado das cinzas muitos anos mais tarde.
Baseado em factos reais, Uma Outra Voz é uma ficção que nos oferece uma multiplicidade de olhares sobre a mesma paisagem, urdindo a história de uma família ao longo de um século através das revelações de cada um dos seus membros, numa interessante teia de complementaridade."

Comentário:
Gostei muito.
O estilo de livro, que vai desfiando as personagens, cada uma assumindo o papel de narrador, cativa qualquer leitor. E a história desenrola-se. A história de uma família. Vidas que se cruzam e se separam. Vidas que nos prendem, que nos interessam. Vidas que nos permitem perceber um pouco da história do nosso país.
"O amor das mães é maior do que qualquer moral, qualquer sentido, qualquer humanidade. O amor das mães habita essa fronteira de desumanidade que existe no mais profundo de nós. Mesmo os homens, que nunca serão mães, têm dentro de si a possibilidade desse amor que aglutina tudo. Que se alimenta de si mesmo. Que não tem pudor. Que mata e trucida, se for preciso. Que é obsceno. Que não tem medo de nada. Ou que tudo teme. O que é a mesma coisa."
Adorei a descrição do amor das mães.