Título: O Aroma das Especiarias
Autor: Joanne Harris
Editora: Edições Asa
Sinopse:
" Vianne Rocher recebe uma estranha carta. A mão do destino parece estar a empurrá-la de volta a Lansquenet-sur-Tannes, a aldeia de Chocolate, onde decidira nunca mais voltar. Passaram já 8 anos mas as memórias da sua mágica chocolataria La Céleste Praline são ainda intensas.
A viver tranquilamente em Paris com o seu grande amor, Roux, e as duas filhas, Vianne quebra a promessa que fizera a si própria e decide visitar a aldeia no Sul de França. À primeira vista, tudo parece igual. As ruas de calçada, as pequenas lojas e casinhas pitorescas… Mas Vianne pressente que algo se agita por detrás daquela aparente serenidade. O ar está impregnado dos aromas exóticos das especiarias e do chá de menta.
Mulheres vestidas de negro passam fugazes nas vielas. Os ventos do Ramadão trouxeram consigo uma comunidade muçulmana e, com ela, a tão temida mudança. Mas é com a chegada de uma misteriosa mulher, velada e acompanhada pela filha, que as tensões no seio da pequena comunidade aumentam. E Vianne percebe que a sua estadia não vai ser tão curta quanto pensava. A sua magia é mais necessária do que nunca!"
Comentário:
"Algumas pessoas passam toda a sua vida sentadas à espera de um comboio e acabam por descobrir que nem sequer chegaram à estação."
Da série do Chocolate. A minha Vianne Rocher está imparável. Desta vez, a intolerância e a diferença centram-se na religião e não no delicioso sabor do chocolate, quase pecaminoso. O cenário é igual, a pequena vila, os personagens reencontram-se e acrescem os "maghrebins".
Descreve com assertividade esta velha questão em França da convivência entre diferentes mundos que simplesmente acreditam em Deus e em Alá, o que se reconduz a um ser superior.
O que me continua a chocar é o tratamento dado às mulheres. Esconder uma mulher para não causar desejo ao homem é de uma primitividade brutal. E puni-la por ser violada ainda mais.
Como sempre, encantou-me, surpreendeu-me e aprendi que quando o vento muda, não temos como fugir ao nosso destino.
Já a Vianne refere: "Nós (os adultos) temos a estranha faculdade de nos concentrarmos na diferença; como se excluir os outros pudesse tornar mais forte o nosso sentido de identidade (...) as pessoas são geralmente iguais em todo o lado. Sob o véu, a barba, a sotaina, é sempre o mesmo mecanismo (...) Vemos porque olhamos para além de toda a confusão do que os outros veem. As cores do coração humano. As cores da alma".
Quando for grande, quero ser assim...